#Antena | Scream é uma homenagem para a saga cinematográfica e promete um futuro sensacional!

Jovens inocentes sendo perseguidos por um serial killer vingativo que tem mais sede de sangue que o próprio Conde Drácula não é novidade pra ninguém, Alfred Hitchcock começou essa brincadeira com “Psicose” na década de 60 e Jamie Lee Curtis conseguiu consagrar Laurie Strode, no final dos anos 70, como a vitima perfeita dos filmes de terror e suspense... e de lá pra cá a cultura pop adotou assassinos como ícones! Michael Myers, Norman Bates, Hannibal Lecter, Leatherface, Jigsaw e Ghostface são alguns exemplos de assassinos malucos que nós aprendemos a amar ao longo dos tempos...

Desde Jogos Vorazes que não se vê nada parecido nas produções cinematográficas, alguns filmes até tentaram mas parece que num mundo de blockbusters, adaptações e readaptações os assassinos em série perderam completamente sua utilidade, uma pena para o cinema e um grande avanço para a audiência doméstica que se viu rodeada de séries de televisão novas, com enredos sensacionais que chegaram contando histórias assustadoras de assassinos loucos ♥ CSI, Dexter, Criminal Minds, The Following, Elementary e, recentemente, American Horror Story, Hannibal e Scream estão representando muito bem o gênero na televisão, as duas ultimas trazendo pra vida dos viciados em séries dois grandes vilões amados pelos viciados em cinema!

No primeiro episódio de Scream o aluno Noah Foster faz um comentário incrível sobre o poder de adaptação das histórias para o cinema, resumidamente ele comenta que é muito mais fácil fazer um filme de suspense sobre assassinos psicopatas, afinal a história só vai precisar existir por no máximo 150 minutos... as pessoas não precisam levar o assassino pra casa, conviver com a angustia de tentar desvendar um mistério onde as pistas chegam pra você aos poucos, uma vez por semana, como nas séries de televisão, seria impossível!

Minimalista sim, mas é que segredos tem que ser bem guardados!

Noah é interpretado pelo ator John Karna, um nerd viciado em assassinos em série que teve a sorte de crescer em Lakewood, uma cidade assombrada pela presença do antigo maníaco assassino Brandon James, que cometeu vários crimes há vinte anos atrás e acabou morrendo no fim das contas! A cidade tentou viver normalmente depois que tudo teve um fim, mas é claro que num lugar cheio de adolescentes ricos, fúteis e perversos alguém teria a brilhante ideia de continuar o legado do Brandonzinho... Audrey vive por ai com uma câmera ligada na mão, pronta pra gravar qualquer coisa que possa se tornar um viral na internet, a grande surpresa é que ela acaba viralizando com uma sextape (uma quase sextape) o que acaba transformando a garota no assunto mais comentado de Lakewood e no principal alvo de bullyng no colégio onde estuda! Tudo isso serve de plano de fundo para a história de Emma, uma patricinha filha da médica legista Maggy, que era vizinha e melhor amiga de Brandon James na infância e acabou se tornando o grande amor/motivo da psicose do cara! Emma é super popular e começa a receber ligações e mensagens misteriosas de um desconhecido, aparentemente o assassino que está matando todos os amigos da garota e quer se vingar dela por algum motivo que nem ela sabe qual é!

Parece clichê, batido, irritante e nem um pouco cativante, mas a verdade é que Scream acertou um cheio! A primeira temporada da série teve dez episódios, que foram transmitidos em Junho pela MTV e chegaram na Netflix em Outubro desse ano, eu assisti tudo em único dia e confesso que me arrependo de não ter experimentado a angustia de quem viu pela televisão e teve que esperar dez semanas pra descobrir o desfecho maravilhoso da série! Esse vídeo lançado no canal da MTV traz os primeiros oito minutos da série:
Scream tem todos os elementos dos filmes da saga Panico, um assassino mascarado, problemas entre pais e filhos, pessoas fúteis, mortes incrivelmente brutais e bem planejadas, dezenas de suspeitos e segredos, muitos segredos! Quando Noah faz o comentário sobre adaptações de histórias de suspense ele diz que isso só funcionaria na televisão se nós conseguíssemos amar as vitimas, lá em cima eu disse que a cultura pop aprendeu a gostar mais dos vilões, eram eles que faziam a história acontecer, o motivo pra todo mundo ir pro cinema era ver esses malucos se divertindo por um tempo até se dar muito mal no fim das contas (ou não!)... foi ai que Scream fez o inverso! Nós não gostamos do mascarado aqui, ele é simples, minimalista, despreparado... ele tenta ser sádico e cheio de camadas, mas fica na cara que ele não faz nada disso por diversão, ele só tem um plano (um ótimo plano) pra alcançar um objetivo!
O Ghostface do filme Panico sentia prazer em matar, ele tinha seus objetivos, é claro, mas ele também gostava de matar por matar, é o tipo de cara que acabaria fazendo tudo aquilo mesmo sem um passado, ele tinha a alma perturbada, um psicopata com todos os defeitos! O Ghostface de Scream não é um doente mental como o Bandon James, ele tenta, mas na terceira vitima a gente percebe que o cara só quer vingança mesmo! É aqui que você começa a torcer pelas vitimas... conforme os segredos vão se revelando você começa a entender as ligações entre todo mundo e a levantar suspeitas, mas nem adianta tentar focar em um único suspeito, todo mundo é suspeito e a pior parte disso é que você adora essas pessoas e não quer que nenhuma delas seja um assassino psicopata no final! Emma, Audrey, Noah, Brooke, Kieran... todos tem seus defeitos e qualidades, o que faz deles humanos demais pra sair matando os próprios amigos a sangue frio ao mesmo tempo que seus segredos e traumas deixam claro que todos teriam coragem de colocar a mascara e amolar as facas da cozinha pra fazer esse joguinho doentio com o passado de Lakewood!

Pra mim foi fácil descobrir quem era o assassino antes da revelação, isso seria um grande problema se o enredo fosse mal desenvolvido, mas não é o caso! Mesmo quando eu tive certeza de quem tinha assumido o legado de Brandon James, ficou impossível identificar os motivos da pessoa e, consequentemente, mais impossível ainda de manter a minha decisão! A verdade é que eu fiquei muito surpreso por ter acertado no final, quando as peças se encaixaram (e isso acontece literalmente no final do ultimo episódio), eu percebi que fui sortudo e que minhas suspeitas só caíram sobre aquela pessoa por causa de um fator que já estava presente em outros suspeitos! Talvez eu seja bom em julgamentos...
O desfecho da primeira temporada é incrível, talvez a série pudesse ter algumas sequencias mais pesadas de ação e um pouco mais de sangue, eu entendo que o publico alvo é uma nova geração de adolescentes e que a televisão precisa seguir algumas regras quanto à violência e tals... Mesmo assim Scream conseguiu me cativar (e eu tenho um problema muito sério com essas séries feitas para o publico teen americano!), o final é realmente surpreendente e deixa várias pontas soltas para serem amarradas na segunda temporada, que já foi confirmada pela MTV para 2016! É claro que Scream não veio para substituir Panico, na verdade a primeira temporada da série funciona como uma ótima homagem à saga que ficou eternizada! Scream chegou pra ficar e eu acredito que agora eles vão começar a trilhar seus próprios caminhos em direção a luz, saindo definitivamente da sombra do filme que se tornou um clássico dos anos 90!
RENAN RIBEIRO